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Terça Feira, 03 de Junho de 2025

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A Última Ceia: a restauração que mudou a história

01 de Junho de 2025 as 11h 50min

Quando Leonardo da Vinci pintou A Última Ceia, cometeu um erro técnico tão grave que sua obra começou a se desfazer poucas décadas depois. Séculos mais tarde, em meio a camadas de tinta, gesso e destruição, uma restauradora italiana chamada Pinin Brambilla encarou o impossível: recuperar os traços originais do mestre renascentista – e devolver ao mundo um dos murais mais famosos (e danificados) da história da arte.

O que Brambilla encontrou em 1977, ao encarar pela primeira vez o mural de 4,5 metros de altura na parede de um antigo refeitório em Milão, beirava o desastre. A pintura original estava soterrada sob sucessivas camadas de tinta, gesso e boas intenções mal executadas por restauradores anteriores.

Ainda assim, Brambilla decidiu que valia a pena tentar. Com mini câmeras enfiadas em buracos na parede, instrumentos de precisão cirúrgica e o tipo de obsessão que Leonardo certamente aprovaria, ela iniciou um processo de restauração tão minucioso quanto solitário.

Leonardo da Vinci queria liberdade para trabalhar nos mínimos detalhes e, por isso, ignorou a técnica tradicional de afresco. Em vez de pintar sobre argamassa úmida, preferiu aplicar têmpera e óleo sobre uma parede seca de gesso.

A decisão permitiu mais tempo para criar sombras e texturas, mas teve um custo alto. Sem aderir à superfície, os pigmentos começaram a se soltar em poucas décadas, deixando a obra vulnerável à umidade, sujeira e ao tempo.

O desgaste foi tão severo que, em 1652, monges abriram uma porta no mural, cortando os pés de Jesus sem hesitar. A pintura já estava tão apagada que, para eles, não parecia mais uma obra de Da Vinci.

Uma obra frágil, um ambiente hostil. A parede onde Da Vinci pintou sua ceia absorvia umidade de um riacho subterrâneo e recebia vapor direto da cozinha do mosteiro. Como se não bastasse, enfrentou vandalismo na Revolução Francesa e bombas na Segunda Guerra.

Mas o que mais ameaçava a pintura, segundo Brambilla, eram as tentativas anteriores de salvá-la. Ao invés de preservar, os restauradores cobriram o original com camadas de tinta pesada, alterando rostos, cores e expressões.

Para reverter isso, a restauradora escavou a obra milímetro por milímetro. Algumas áreas, danificadas demais, foram deixadas intocadas ou preenchidas com aquarela neutra, para destacar o que ainda restava da mão do mestre.

Foram mais de 20 anos de trabalho solitário, interrupções e sacrifícios pessoais. Brambilla passou fins de semana no canteiro de andaimes, longe da família, dominada pela obsessão de recuperar o que restava de Da Vinci.

Em 1999, com mais de 70 anos, ela declarou a missão encerrada. Pela primeira vez em séculos, os rostos dos apóstolos pareciam vivos, os alimentos sobre a mesa, nítidos. Críticos se dividiram, mas a restauradora tinha certeza: havia devolvido alma à obra.

Mesmo assim, despedir-se foi doloroso. “É como perder uma parte de si mesma”, confessou. Ao deixar o mural para trás, Brambilla não apenas restaurou uma pintura – deixou impressa nela a sua própria história.

Fonte: DA REPORTAGEM

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