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Do campo à mesa: alimentos sustentáveis que transformam a vida urbana
02 de Setembro de 2025 as 07h 29min

Você já parou para pensar de onde vem a comida que chega à sua mesa todos os dias? Em Sinop, alimentos produzidos em propriedades que adotam práticas sustentáveis estão cada vez mais presentes na rotina urbana, seja na merenda escolar, nas feiras livres ou nos supermercados. O caminho entre o campo e a cidade vai além do transporte: ele carrega histórias de preservação ambiental, responsabilidade social e inovação.
Nos últimos anos, produtores locais têm apostado em técnicas de preservação do solo, uso racional da água e diversificação de culturas. O agricultor familiar João Pereira, por exemplo, mantém sua pequena propriedade como fornecedora de hortaliças para programas públicos. “Aqui a gente trabalha pensando em produzir, mas também em cuidar da terra. Uso adubos orgânicos, faço rotação de culturas e mantenho as nascentes preservadas. É um trabalho que dá mais qualidade ao alimento e mais segurança para quem consome”, explica.
Grande parte dessa produção chega às escolas por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Criado em 1955, o programa é um dos mais antigos do mundo na área de segurança alimentar e prevê que pelo menos 30% dos recursos repassados aos municípios sejam destinados à compra de alimentos da agricultura familiar.
A nutricionista Beatriz Mendonça, responsável técnica pela alimentação escolar da rede de educação municipal, afirma que a diferença é sentida no prato e no desempenho dos alunos. “Quando recebemos alimentos frescos, de origem sustentável, conseguimos montar cardápios mais nutritivos e variados. Isso influencia diretamente na saúde das crianças e até no rendimento em sala de aula”, avalia.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico José Pedro Serafini reforça que políticas de incentivo ao pequeno produtor são essenciais para manter esse ciclo. “Ao priorizar compras locais, o município garante mercado para os agricultores, alimentos de qualidade para a população e circulação de renda dentro da cidade. É uma estratégia que alia saúde, economia e sustentabilidade”, explica.
Nas feiras livres, a confiança na procedência tem se tornado um diferencial. A feirante Vivian Costa conta que os clientes estão mais atentos e dispostos a valorizar o que vem de práticas responsáveis. “O consumidor pergunta de onde veio a fruta, como foi cultivada. Quando digo que é de produtor que preserva a água e a mata, a confiança aumenta e as vendas também”, relata.
Monyka Laureano confirma a percepção. Ela vai às feiras livre em busca de alimentos frescos. Por vezes, nota que os produtos são levemente mais caros do que nos supermercados, mas entende que o que pequeno produtor merece ser valorizado. “As grandes redes vendem todo tipo de produto, então mesmo que eu e outras pessoas deixemos de comprar ali, eles recuperam em outros segmentos. Agora, o pequeno produtor não. Ele vive daquilo, por isso que eu dou preferência”.
Além disso, ela destaca o frescor daquilo que leva. “A gente sabe que tudo é feito com muito carinho, do plantio à colheita, tudo manuseado cuidadosamente”, completa.
Esse movimento não é isolado. Em Mato Grosso, a agricultura familiar representa a base de sustento de mais de 100 mil famílias e responde por cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, segundo dados da Conab. Em Sinop, estima-se que cerca de 200 propriedades forneçam regularmente para feiras, programas públicos e comércio local.
Para o técnico da Empaer, Rogério Leschewtiz, essa aproximação entre produção sustentável e consumo urbano traz ganhos múltiplos. “Quando o campo preserva e produz com responsabilidade, a cidade ganha em saúde pública, em qualidade de vida e até em economia, já que o custo com alimentos mais saudáveis e menos processados é menor a longo prazo”, analisa.
Do ponto de vista econômico, o impacto também é relevante. O economista Feliciano Azuaga lembra que a cadeia do agro movimenta serviços urbanos, do transporte à indústria alimentícia. “Cada alimento que chega à mesa tem uma rede por trás: empregos no campo, mas também no comércio, nos restaurantes e no setor logístico. Quando a produção é sustentável, os ganhos são ainda maiores porque se cria um ciclo virtuoso que beneficia toda a sociedade”, explica.
A pesquisadora da UFMT, professora Rafaela Felipe, que atua no Projeto Gaia de educação ambiental, reforça que a conscientização deve começar cedo. “Quando falamos em agro sustentável, não tratamos apenas de técnicas de plantio, mas de um modo de pensar a relação entre homem e natureza. A escola tem papel fundamental nesse processo, porque o jovem que entende o valor de um alimento produzido de forma responsável será, no futuro, um consumidor mais crítico e um profissional mais consciente”, observa.
Outro desafio é garantir escala e regularidade no fornecimento de alimentos sustentáveis para atender à crescente demanda urbana. Para a produtora e feirante Vivian Costa, isso exige políticas públicas consistentes e maior apoio técnico. “A procura aumenta, mas nem sempre o pequeno produtor tem condições de ampliar a produção. Precisamos de assistência, crédito acessível e incentivo constante para manter a qualidade e abastecer mais pessoas”, defende.
Especialistas apontam que o futuro da alimentação urbana em cidades como Sinop depende justamente dessa integração entre ciência, gestão pública, produtores e sociedade civil. É nesse elo que se fortalece a segurança alimentar, a preservação ambiental e a economia local.
Da fazenda à mesa, o alimento sustentável mostra que o agro vai muito além da porteira. Ele chega às cidades em forma de nutrição, confiança e qualidade de vida, reforçando que produzir de maneira consciente é também investir no futuro de quem vive no espaço urbano.
Fonte: CLEMERSON SM
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