Governadores se unem contra tarifaço e avançam rumo a 26

08 de Agosto de 2025 as 04h 40min

Governadores de seis estados se reuniram ontem em Brasília para reagir ao impacto do tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros. O encontro também abordou a crise institucional entre Congresso e STF e foi interpretado como um movimento inicial rumo à formação de uma frente para as eleições de 2026.

A pauta principal foi o tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, medida que já causa impactos significativos na economia, especialmente no agronegócio. Estiveram presentes os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Ronaldo Caiado (União-GO), Ratinho Junior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Mauro Mendes (União-MT). O ex-senador Cidinho Santos (PP), aliado próximo de Mendes, também participou.

Durante o encontro, os governadores avaliaram as perdas econômicas provocadas pelas novas tarifas e discutiram soluções conjuntas a serem levadas ao governo federal e ao Congresso. Um manifesto público com críticas à condução da política externa brasileira, sob responsabilidade do presidente Lula, chegou a ser cogitado.

Nos bastidores, a reunião foi interpretada como uma chance para os líderes estaduais se posicionarem diante da crescente tensão entre o STF e o Congresso, agravada pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada na última segunda-feira, e pelos debates em torno de uma possível anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Embora não tenha havido consenso, a possibilidade de apoio a um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes foi debatida. Alguns governadores preferiram manter cautela, mas outros defenderam uma resposta política mais firme, diante da pressão de suas bases eleitorais.

Mais do que tratar das pautas emergenciais, o encontro foi lido como o primeiro passo para a construção de uma frente ampla de centro-direita com vistas às eleições presidenciais. A figura de Tarcísio de Freitas começa a se consolidar como potencial candidato, com apoio de setores ligados ao ex-presidente Bolsonaro, ainda inelegível.

A articulação dos seis governadores pode evoluir para uma coalizão de alcance nacional, unindo siglas como União Brasil, Republicanos, MDB, PSD e Novo. Caso o movimento se fortaleça, novas reuniões devem ser realizadas nos próximos meses, aprofundando a construção de uma agenda comum entre os estados ideologicamente alinhados.

Mauro Mendes, que vem adotando um tom moderado no debate político, aproveitou o encontro para defender os interesses econômicos de Mato Grosso, especialmente as exportações para os Estados Unidos. A escalada protecionista promovida por Trump preocupa empresários e produtores do agro, que temem perder competitividade em um dos mercados mais estratégicos do mundo.

Ao reunir governadores com visões convergentes, o movimento também busca fortalecer o papel dos estados diante das incertezas políticas e econômicas do país. A sinalização de unidade entre essas lideranças pode mexer no tabuleiro político nacional, sobretudo se houver posicionamentos públicos articulados em temas sensíveis para o Planalto.

A reunião resultou em um documento com encaminhamentos práticos sobre os impactos econômicos das tarifas norte-americanas, incluindo possibilidades de ações judiciais e diplomáticas. No campo político, a construção de uma narrativa de coesão e força pode ter sido o marco inicial de uma campanha presidencial antecipada, mirando 2026.

Fonte: DA REPORTAGEM